quarta-feira, 23 de maio de 2012

Empreendedorismo na veia!!!

Que merda é essa de ir no SEBRAE, assistir palestras do TEDx, Empretec e o caralho a quatro? Acabo de ler um post definitivo sobre negócios e selvageria. Tanto é que copio e colo diretamente do blog do Barcinski, que por sinal escreve paracaralho e sigo copiosamente todos os dias, mais ou menos.

Aí vai a pedrada. Abre aspas.

Há alguns dias, reencontrei um conhecido que não via há muito tempo.
Ele é dono de bares e restaurantes. Não vou dizer onde para não entregar o sujeito. Vamos chamá-lo de “M.” M. me convidou para visitar um de seus bares, que estava completando 11 anos.
- Onze anos? E você já tirou o alvará? – brinquei com ele.
- Alvará? O que é isso?
 Fiz a brincadeira porque o assunto “alvará” era recorrente em nossos papos. Há uns oito ou nove anos, eu estava com idéia de abrir uma casa noturna e fui pedir conselhos a ele. Perguntei sobre os procedimentos de alvará, regulamentação, etc. Nunca esqueci a resposta:
- Alvará é coisa de otário. Pega o dinheiro que você vai gastar em obras e alvará, deixa 20% num cofre e guarda pra pagar o fiscal quando ele aparecer. Você vai economizar uma fortuna.
Não segui o conselho. Escolhi o caminho “do otário”. Foi um processo longo, frustrante e muito, mas muito caro.
Apesar de discordar da postura de M., sempre gostei dele e me divertia com suas histórias. Sua cara de pau era impressionante: certa vez, a Prefeitura colocou um daqueles blocos de cimento em frente a um de seus bares. M. foi lá com uma marreta, destruiu os blocos e reabriu imediatamente. Sua filosofia era: “Fiscal feliz não enche o saco”.
Quando descobriu que havia um terreno baldio colado a uma de suas casas noturnas, M. abriu um buraco na parede e fez um “fumódromo” no terreno do vizinho.
M. é empresário da noite há quase 20 anos e se orgulha de nunca ter tirado um alvará, pago uma multa ou feito uma obra exigida pelas leis de segurança. Sobreviveu ao século 21 todo na ilegalidade. Também nunca passou uma noite na cadeia e, a julgar pelo carro que usa – um SUV de 140 mil reais – está bem de vida, obrigado.
Um dia, M. me convidou para visitar uma nova casa que ele tinha acabado de inaugurar. Cheguei lá e achei que estava no lugar errado: o lugar tinha o teto cheio de infiltrações, banheiros quebrados e fios expostos. Parecia um cativeiro.
M. me perguntou o que eu tinha achado. Fui sincero: disse que aquilo ali era podre até para os padrões dele. M. riu e disse que só ia usar o lugar por uns cinco ou seis meses, porque o dono estava vendendo o imóvel.
- Não vale a pena investir em obra se eu só vou ficar aqui um tempinho, né?
Você tem de admirar o sangue frio de um sujeito desses. Imagine passar a vida toda sem cumprir uma regra?
Mas as idéias dele, mesmo que absurdas, até fazem algum sentido, quando colocadas no contexto das leis kafkianas e regulamentações insanas que existem no Brasil.
O que aprendi com M.:
- Leis não existem para facilitar a vida de comerciantes e empresários, mas para dificultá-la e, assim, impulsionar a indústria da corrupção dos fiscais.
- Um real gasto com obras ou regulamentação significa um real jogado fora.
- Quando for abrir um negócio, abra de qualquer maneira e não se preocupe com papelada. Isso você resolve depois.
- Agradar o cliente é importante. Mas agradar o fiscal é muito mais.
Claro que não concordo com nada disso. Mas que é uma maneira interessante de ver o mundo, é.
 
Fecha aspas.
 
Chupado daqui, ó: Blog do Barcinski

Para os cozinheiros de crocs

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Gastronomia: nem alta, nem baixa.

Acabo de ler um texto do Dória no blog dele (aqui o link) sobre a virada cultural e as comidas de rua feita pelos chefs renomados e blá blá blá. O que me marcou foi sua leitura, ou melhor, visão e a defesa por uma gastronomia única, deixando de lado os conceitos de alta e baixa gastronomia. 

Sobre a alta ele escreve: " “Alta gastronomia” tem uma história resumida na “Grande Cozinha” ou “Alta Cozinha” - assim, em maiúscula - conforme August Escoffier defendeu no seu livro Guide Culinaire (1902). Ele reuniu “5.000 fórmulas” (receitas) do que entendia ser esse patrimônio da nobreza e da alta burguesia francesas desde Carême. Era a própria identidade francesa, subordinada ao modo elitista de se comer. Existia também a cuisine bourgeoise, que é outra história."

Sobre a baixa, sentencia e conclui: "Diante de uma coisa tão excludente, cunhou-se recentemente a expressão “baixa gastronomia”, que é outra bobagem, pois reproduz a ideia de que gastronomia vive mesmo é em gueto; como se “comer bem” não pudesse aspirar à universalidade. Nas feiras, umas barracas de pastel são mais concorridas do que outras. Isso é gastronomia. Nem alta, nem baixa: simplesmente gastronomia. Há gastronomia por toda parte, assim como comida ruim. Por isso soa tão anacrônico o que disse o Secretário da Cultura do município sobre a Virada Cultural (“alta gastronomia é coisa para poucas pessoas”). Mas, compreende-se, pois, afinal, são poucos os países que reconhecem certos fenomenos da economia de massas (a “moda”, a “gastronomia”, o “design”) como propriamente culturais." 

Parece-me que era exatamente o que precisava ser dito, escrito, falado, mas a turma estava tateando no escuro conceitual, ao menos eu. Depois disso, a coisa ficou mais clara. Novamente aqui vai um elogio público ao Carlos Alberto Dória, cujo texto afiado não espanta, mas convida para uma próxima refeição.

 


terça-feira, 8 de maio de 2012

Circuito Brasileiro de Degustação


Eis um evento que vale a pena para conhecer o vinho brasileiro, em especial a safra história de 2011. Destaco desde logo a Don Laurindo, Pizzato, Dal Pizzol, Antonio Dias, Domno e Salton.